Nunca imaginei que me ia tornar uma “Futeboldependente” nem muito menos pensei que alguma vez pudesse jogar na primeira divisão.”

A página Futebolíadas Épicas continua na sua senda de entrevistas e, a de hoje, é com Eduarda Sousa, guarda-redes do Vilaverdense, equipa que terminou o campeonato na 8.ª posição em 2016-2017, a quem, desde já, agradecemos a amabilidade de nos conceder a entrevista.

 

FE – Olá Eduarda, fale-nos um pouco sobre o Vilaverdense, nomeadamente sobre a sua equipa feminina.

ES –  Olá. O Vilaverdense é um clube que já tem um bom legado no futebol feminino. Está há 8 anos consecutivos na primeira divisão sénior e a nível júnior já conquistámos 8 campeonatos distritais e dois campeonatos nacionais. Na época transata acabámos por ser vice-campeãs.

 

FE – Ao longo da época, e porque já este ano fez 19 anos, foi representando a equipa de juniores e a equipa de seniores. A semana e o fim-de-semana estavam sempre preenchidos, certamente. Como conciliou tudo isso?

ES –  Bem, os meus fins-de-semana estavam sempre preenchidos. Ao sábado tinha jogo das juniores e ao domingo jogo das seniores. Na realidade, poucos foram as vezes em que tinha dois jogos por fim-de-semana uma vez que se fosse convocada para as seniores não seria para as juniores e vice-versa, mas obviamente que sempre que podia acompanhava o outro escalão.

Quando se gosta muito de alguma coisa torna-se mais fácil conciliar.

 

FE – A equipa sénior terminou o Campeonato na oitava posição com 37 pontos, fruto de 12 triunfos, 1 empate e 13 derrotas. Os objetivos foram alcançados?

ES – Não. Os objetivos não foram alcançados apesar de não termos feito uma má época, tenho a sensação que poderíamos fazer melhor.

 

FE – Já a equipa júnior terminou o Campeonato na segunda posição, sendo também finalista vencida da Taça, sendo apenas batida pelo Sporting, tanto no campeonato Como na Taça.  Como classifica a época desta equipa?

ES –  Nas júniores acho que já é um pouco diferente. Éramos as campeãs nacionais, obviamente que estávamos na luta pelo título. A época não foi má, aliás, no campeonato tivemos 1 derrota e 1 empate sem contar com a final e para a taça foi tudo vitórias e na  final fomos a prolongamento com o Sporting e acabou por cair a sorte para o lado delas.

FE – E a nível pessoal, como correu a temporada?

ES –  A nível pessoal ficou um pouco aquém das expectativas, também devido a algumas lesões o que não me deixou fazer mais minutos durante a época.

 

FE – Antes de chegar ao Vilaverdense, representou as equipas do Bragafut e Pico de Regalados. Como foram essas experiências?

ES – Cheguei ao Bragafut quando tinha 6 anos e saí de lá com 10 porque a nossa equipa não era federada e acabei por ir para o Pico de Regalados que foi onde aprendi realmente o que era ser uma jogadora de futebol, e claro, foi lá que tive a certeza que queria ser guarda-redes. Tive ótimos treinadores que me ensinaram muito do que eu sei hoje, tanto como jogadora como pessoa. Saí do Pico em 2013 porque me surgiu a oportunidade de dar o salto para outra realidade. Custou-me imenso sair daquela equipa porque tinha criado uma ligação muito grande com todas as minhas colegas e apesar de ser das mais novas no plantel (talvez a mais nova), sentia que todos gostavam de mim e tinha o carinho de todos os adeptos, o que me fez pensar algumas vezes se deveria mesmo ir para o Vilaverdense.

FE – Conte-nos como foi a sua entrada no mundo do futebol.

ES – Gostava de jogar na rua com os meus primos e lá consegui convencer os meus pais a deixarem-me jogar, nunca imaginei que me ia tornar uma ”futeboldependente” nem muito menos pensei que alguma vez pudesse jogar na primeira divisão.

 

FE – Entretanto terminou a temporada, já se perspectiva a próxima. Já tem o seu futuro definido?

ES – Sim, desde muito cedo na época transata que defini tudo aquilo que quero fazer na próxima época. Estou bem onde estou, sou apaixonada por tudo o que faço e a minha casa é o Vilaverdense pois é onde se encontra a melhor equipa do mundo, a melhor família do mundo.

 

FE – O futebol feminino ganhou, esta temporada, uma nova visibilidade com a chegada de alguns clubes à modalidade (nomeadamente o Sporting). Estamos no bom caminho ou ainda há muito a fazer no nosso país?

ES –  Penso que este é o caminho, apesar que o trajeto é muito comprido e demorará mais alguns anos para que todas as pessoas entendam que o futebol não é só para homens. Mas felizmente já demos alguns passos para mudar a mentalidade. Se me perguntarem se realmente resultou com a entradas dos ”grandes”, claro que sim, há muita maior visibilidade. Agora se me perguntarem se na minha opinião deveria ser feito da maneira que foi, aí já não posso concordar, mas é a minha opinião e vale o que vale.

 

FE – A nossa selecção esteve presente, pela primeira vez na história, num Europeu. Como viu o percurso da nossa seleção?

ES –  Adorei! Olhar para a televisão e ver jogadoras que já partilharam o balneário comigo a jogar contra as melhores da Europa foi lindo! Ver a maneira como as pessoas assistiram e vibraram com a nossa seleção, nunca imaginei que tantas pessoas assistissem aos jogos. E também realçar que a nossa seleção esteve muito bem durante toda a fase de grupos. Foi uma pena não termos ido mais longe.

 

FE – Na sua infância/juventude, que momento a fez pensar que poderia ser futebolista?

ES –  Sempre pensei em jogar futebol como um hobbie e sempre consegui conciliar todo o meu percurso escolar com o praticar futebol e ainda bem! Nunca foi o meu objetivo de vida ser jogadora profissional porque tenho bem ciente quais são os meus objetivos de vida mas sei que quero jogar futebol o mais tempo possível e usufruir deste privilégio, porque para mim é um privilégio jogar futebol.

FE – Sempre teve o apoio da sua família ou foi algo que foi conquistando com o tempo?

ES – Sim, desde sempre que os meus pais aceitaram que eu jogasse futebol e sempre me apoiaram e vibravam comigo. Eles viam que realmente eu gosto disto, que vivo muito o futebol.

 

FE – Como se descreve enquanto guarda-redes?

ES – Sou uma guarda-redes que gosta de jogar muito fora dos postes, sou rápida e forte no 1×0, consigo adaptar a minha postura em campo consoante o que vejo que a equipa precisa e sou inteligente a jogar.

 

FE – Por fim, uma curiosidade: qual é o clube dos seus sonhos?

ES – Essa é a pergunta mais fácil de responder . O clube dos meus sonhos é o Vilaverdense porque é aqui que eu sou feliz e não quero nem me imagino a representar outro clube nem a ter outro símbolo ao peito 🙂

 

Em meu nome pessoal e em nome dos seguidores da página Futebolíadas Épicas, agradeço a sua disponibilidade, desejando-lhe as maiores felicidades pessoais e profissionais!

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In https://futeboliadasepicas.wordpress.com/2017/08/29/nunca-imaginei-que-me-ia-tornar-uma-futeboldependente-nem-muito-menos-pensei-que-alguma-vez-pudesse-jogar-na-primeira-divisao/

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