Têm sido dias complicados, no meu caso estou e estive a trabalhar desde o início do estado de emergência em que o País entrou. Não é fácil estar quase como na linha da frente, dar a cara ao público, em contacto permanente com as pessoas.
Com todos os medos e receios de contrair o vírus, voltares a casa e não saberes o que te espera no dia de amanhã. É um enorme desgaste físico e mental, mas que se vai superando a cada dia com todas as nossas forças e muita fé.
Não sendo profissional de futebol (já o fui), o meu dia a dia resume-se a trabalho-casa, casa-trabalho, mas sempre com o coração nas mãos. Até ao dia de hoje não aconteceu nada de mal, mas estamos sempre em risco.
Quando se fala da minha paixão pelo futebol, o caso muda de figura! Nestes tempos chegava a sair do trabalho e a enganar-me no caminho, seguindo em direção ao clube [Futebol Benfica] em vez de ir para casa. O hábito, o ambiente, as saudades das colegas, o pisar a relva e calçar as chuteiras, deixou de ser rotina. Passaram a ser dias tristes, de não saber o que fazer, de tentar ocupar o tempo com observação de jogos e outras coisas que me mantivessem ocupada. Para quem ama este desporto, como eu… foi como se ficasse sem chão, quem vive isto de uma forma apaixonante, como eu… sabe bem do que falo. Fica tudo tão vazio…
Em tom de brincadeira, às vezes digo que quando voltar já nem sei correr ou chutar uma bola, fico sempre com receio de tropeçar na bola.
Na realidade aquilo que desejo é que tudo volte ao normal dentro daquilo que é possível e sempre com todas as regras de higiene e segurança.
Voltamos este mês, provavelmente, e estou muito ansiosa que comecem os treinos, mesmo que sejam ainda com algumas restrições.
Sinto falta de tudo o que envolve o futebol, de ver o clube cheio de crianças nos campos e de toda agitação que acontece antes de um treino.